Tem uma coisa que me impressionou desde a primeira vez que pisei nessa cidade (Londres) quase 10 anos atrás: o céu e os aviões. Toda vez que eu olho pra cima, vejo algum. Se olhar bem dois, três ou até oito, o máximo que consegui contar até hoje. Não precisa de esforço e também não importa a hora do dia ou o lugar da cidade que estou, sempre tem pessoas chegando e partindo de Londres.
Me impressiona, porque venho de um lugar pequeno e nem nos meus maiores sonhos achava que poderia viver isso e estar aqui. Agora mesmo que estou dentro do famoso ônibus vermelho, olhei pra cima e vi quatro deles no céu. Voltei a escrever e quando eu decidir olhar de novo terão outros.
Fico imaginando quem está chegando a primeira vez, quem se despediu dolorosamente para ir embora, tento imaginar de que parte do mundo são e pra onde estão indo. Se estão perdidos ou se se encontraram. Ao mesmo tempo me faz perceber o quão pequenos somos.
Quando eu comecei a escrever esse texto não imaginava que minha hora de embarcar estava tão perto (apesar de lá no fundinho sempre sabermos). Hoje serei eu um pontinho no céu, voltando pra casa.
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Comecei a escrever umas semanas atrás, terminei e quase postei milhares de vezes. A verdade é que embarquei no voo mais difícil da minha vida no dia 23 de novembro de 2018, exatos 4 meses depois da partida.
Mas estava difícil assumir pra mim que voltei.
Precisei ficar nos meus próprios pensamentos por vários dias. Ainda preciso. Continua difícil. Hoje estou postando porque talvez tenha mais alguém se sentindo desse jeito e no Instagram todo mundo mostra o lado bonito das coisas.
Esse post não é pra isso, é pra contar que é difícil as vezes. Não tenho nenhuma dica para se sentir melhor no momento, a única coisa que posso dizer é que aqui do outro lado também está tudo estranho e eu sigo vivendo um dia de cada vez, tentando me conhecer melhor e esperando passar, assim como os aviões do céu.
Com amor, Ana ✨
📍Richmond Park | Londres | Novembro | 2018